Conflitos e Conciliação entre a Fé e Saber
No plano cultural, a Igreja exerceu amplo domínio,
trançando um quadro intelectual em que a fé cristã era o
pressuposto fundamental de toda sabedoria humana.
Em que consistia essa fé?
Consistia na crença irrestrita ou na adesão incondicional
às verdades reveladas por Deus aos homens. Verdades expressas
nas Sagradas Escrituras (Bíblia) e devidamente interpretadas
segundo a autoridade da Igreja.
"A Bíblia era tão preciosa que recebia
as mais ricas encadernações" .
De acordo com a doutrina católica, a fé representava a
fonte mais elevada das verdades reveladas - especialmente aquelas verdades
essenciais ao homem e que dizem respeito à sua salvação. Neste sentido,
afirmava Santo Ambrósio (340-397, aproximadamente): Toda verdade, dita
por quem quer que seja, é do Espírito Santo .
Assim, toda investigação filosófica ou científica não
poderia, de modo algum, contrariar as verdades estabelecidas pela fé católica.
Segundo essa orientação, os filósofos não precisavam se dedicar à busca da
verdade, pois ela já havia sido revelada por Deus aos homens. Restava-lhes,
apenas, demonstrar racionalmente as verdades da fé.
Não foram poucos, porém, aqueles que dispensaram até
mesmo essa comprovação racional da fé. Eram os religiosos que desprezavam a
filosofia grega, sobretudo porque viam nessa forma pagã de pensamento uma porta
aberta para o pecado, a dúvida, o descaminho e a heresia (doutrina contrária ao
estabelecido pela Igreja, em termos de fé).
Por outro lado, surgiram pensadores cristãos que
defendiam o conhecimento da filosofia grega, na medida em que sentiam a
possibilidade de utilizá-la como instrumento a serviço do cristianismo.
Conciliado com a fé cristã, o estudo da filosofia grega permitiria à Igreja
enfrentar os descrentes e demolir os hereges com as armas racionais da
argumentação lógica. O objetivo era convencer os descrentes, tento quanto
possível, pela razão, para depois fazê-los aceitar a imensidão dos mistérios
divinos, somente acessíveis à fé.
Entre os grandes nomes da filosofia católica medieval
destacam-se Agostinho e Tomás
de Aquino. Eles foram os responsáveis pelo resgate cristão das filosofias
de Platão e de Aristóteles, respectivamente.
"Tomai cuidado para que ninguém vos
escravize por vãs e enganadoras especulações da "filosofia", segundo
a tradição dos homens, segundo os elementos do mundo, e não segundo
Cristo." (São Paulo).
ATIVIDADE AVALIATIVA
1- Levando em conta o contexto teocrático do pensamento medieval cristão, reflita na colocação abaixo:
“Assim, toda
investigação filosófica ou científica não poderia, de modo algum, contrariar as
verdades estabelecidas pela fé católica. Segundo essa orientação, os filósofos
não precisavam se dedicar à busca da verdade, pois ela já havia sido revelada
por Deus aos homens. Restava-lhes, apenas, demonstrar racionalmente as verdades
da fé”.
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2- Que pensadores cristãos buscaram conciliar fé e
filosofia grega propondo a argumentação lógica como forma de demolir o ateísmo
e convencer os descrentes?
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3- Que grande pensador cristão desenvolveu a teoria do
livre arbítrio e com qual intuito o fez?
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4 – O que leva alguns filósofos e humanistas a
descreverem a idade média como “Idade das trevas”?
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